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FORMAÇÃO HISTÓRICA
ARAPIRACA | FORMAÇÃO HISTÓRICA

O pernambucano Manoel André chegou à área onde hoje se localiza o município de Arapiraca com a intenção de fixar morada. Até então, a região só possuía fontes de água salgada, então Manoel André começou a explorar melhor o terreno, foi quando encontrou uma lagoa cercada por Arapiracas, ao redor da qual Manoel construiu sua casa de madeira e deu início ao povoamento local. O lugarejo, a princípio, recebeu seu nome, e apresentava características bastante religiosas, sendo rezado diariamente o terço de Nossa Senhora. Os familiares foram, pouco a pouco, mudando-se para o local e assim aumentando a população. Após o falecimento da esposa de Manoel André, Maria Isabel Silva Valente (Mariazinha) em 1855, ele erigiu, anos depois (em 1864) uma capela sobre o seu túmulo – foi essa capela que se transformou na primeira matriz da cidade. No ano seguinte, inaugurou o pequeno templo, consagrando-o à Nossa Senhora do Bom Conselho. Manoel André e os seus familiares foram expandindo o espaço geográfico e abriram a trilha para o rio São Francisco, local por onde se escoava os produtos cultivados. Chamava-se ao lugar de Quadro na época. Com o passar dos anos, Arapiraca foi subordinada, primeiramente, a Penedo; depois, a Porto Real do Colégio, São Brás, Traipu e Limoeiro de Anadia. O major Esperidião Rodrigues foi o sucessor de Manoel André no governo da povoação. A feira tradicional surgiu em 1884. O major, pelo Decreto Lei número 12 de 1º de maio de 1890, criou a Escola Mista do povoado, cuja primeira professora chegou no ano seguinte.  Ocupa o cargo de intendente do município de Limoeiro o sobrinho de Manoel André, Manoel Antônio Pereira Magalhães.


No início do século XX, de acordo com as informações do historiador Zezito Guedes, em seu livro “Arapiraca Através do Tempo”, a cidade “ainda era edificada com casas de taipa, modelo duas águas com biqueira, existindo duas construções em alvenaria: uma no atual comércio, construída pelo Capitão Chico Pedro, outra na Rua Nova, hoje Praça Deputado Marques da Silva, um sobrado construído por Antônio Apolinário e que depois serviu de Paço Municipal.” (1999, GUEDES). Também segundo o autor, em Arapiraca ainda existiam, naqueles tempos, vestígios da época da fundação. Assim, em pleno centro urbano, havia muitas árvores nativas, “em cujas sombras os feirantes colocavam carros-de-boi, amarravam animais e a meninada da época brincava diariamente.” (1999, GUEDES).  Era, já neste período, “florescente, muito comercial e centro de grande produção de farinha de mandioca”. (1999, GUEDES).  Ainda segundo o autor, neste período, o estado mantinha em Arapiraca, duas escolas públicas.


A Sociedade Musical Arapiraquense surgiu em 1908, com todos os instrumentos oriundos de Paris. O desenvolvimento da feira tornou o povoado um importante centro comercial – mais importante que a sede do município, Limoeiro de Anadia. O contínuo crescimento populacional e da importância do local provocou o desejo de emancipação nos moradores, fazendo com que Esperidião Rodrigues levasse ao governador do Estado, José Fernandes de Barros Lima, o parecer público. Após muita insistência, o povoado passou à vila e em seguida a município em 30 de maio de 1924, mas, só em 30 de outubro do mesmo ano, o governador Costa Rego designou a Junta Governativa para a administração do município.


Em 1864, Manoel André trouxe da cidade de Bom Conselho – PE, uma imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, e a colocou na capela construída por ele sobre o túmulo de sua falecida esposa, D. Maria Isabel da Silva Valente. A partir daí se deu a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho para Padroeira da primeira igreja de Arapiraca. Esta capela é inaugurada em dois de fevereiro de 1865. Hoje, a imagem trazida por Manoel André tem 145 anos e se encontra na antiga Matriz Nossa Senhora do Bom Conselho, a Igreja conhecida como Santuário do Santíssimo Sacramento. Atualmente a Matriz é a Concatedral Nossa Senhora do Bom Conselho, que tornou-se um marco edificado na paisagem urbana do município. A Concatedral foi construída por conta do crescimento da Paróquia, em 1975, no terreno do antigo cemitério no Largo Dom Fernando Gomes.


O primeiro prefeito eleito do município foi o major Esperidião Rodrigues, incentivador da feira livre e do comércio. O major instituiu o imposto predial, construiu o matadouro e também ergueu o famoso prédio da Intendência (onde hoje é parte de Parque Ceci Cunha) para arrecadar impostos e recolher animais. O primeiro grande projeto da cidade foi o cemitério, com área definida no fim da antiga Rua da Matança (hoje, Largo Dom Fernandes Gomes) exatamente onde, 50 anos depois, apareceria a Concatedral – observa-se que as duas principais igrejas de Arapiraca foram erguidas sobre sepulturas. A feira livre de Arapiraca foi evoluindo e motivando o surgimento de estabelecimentos comerciais de caráter permanente. Na década de 1970, a feira de Arapiraca já possuía dimensão regional, tornando-se um verdadeiro complexo ao lado do comércio local e da produção fumageira. Em 1985, o município assumiu a condição de cidade-pólo regional e sua feira já estava, então, entre as maiores do Nordeste.


A Era Industrial do município teve início no segundo ano de governo do major com a instalação de uma bolandeira (máquina de desencaroçar algodão) por João Magalhães. A Junta Governativa funcionava no Paço Municipal (o primeiro sobrado construído em Arapiraca, hoje inexistente, localizado na Rua Nova (atual Praça Dep. Marques da Silva). Aí também funcionou a Prefeitura e, posteriormente, a Delegacia e o Hotel Estrela (primeiro hotel da cidade). Nos primeiros anos após a emancipação, embora o comércio fosse relativamente desenvolvido, o município continuou mantendo características predominantemente agrárias. Havia matas em abundância e a natureza sofrera poucas alterações. Na época, localidades hoje classificadas como bairros (Sítio Guaribas, Sítio Capiatã, Sítio Fernandes, Sítio Baixa Grande, Sítio Cavaco, Sítio Mocó, Sítio Caititus, etc). Em 1947, chegou à Arapiraca a empresa Camilo Collier, responsável pela construção da estrada de ferro (obra que levou quatro anos para ser concluída). A ferrovia impulsionou a interação entre cidades diferentes e contribuiu para a modificação da arquitetura local.


A partir da década de 50 do século passado, a cultura do fumo, herança de Francisco Magalhães, ganhou impulso e grandes áreas começaram a ser devastadas. Em 1949, foi fundado o Clube dos Fumicultores por José Lúcio de Melo e, no ano seguinte, a primeira firma internacional. A Exportadora Garrido instalou-se na cidade e o adubo orgânico perdeu lugar para o químico. A década de 50 destaca-se pela instalação de várias indústrias de porte: Exportadora BukovitzLtda, Fraga e Sobel, Tabacalera do Brasil, C. Pimentel, Carleone, Amerino Portugal, etc. Neste período as praças são modernizadas, ganhando áreas com jardins, e  prédios importantes são erguidos: o dos correios, o mercado, cinemas, hotéis (principalmente o Plaza), entre outros. Ao mesmo tempo, os antigos prédios começam a ser derrubados para dar lugar aos novos, e a partir daí começam a formarem-se os primeiros bairros residenciais.


“Poucos prédios antigos resistem a tantas mudanças. Destaca-se, no caso, a permanência da igreja de São Sebastião.” (SILVA, 1991, p.189). A igreja de São Sebastião é a primeira igreja construída na cidade, em 1904, e tombada em 2004. Sua construção se deu quando José Magalhães chegou à cidade. Conta-se que houve uma epidemia de varíola, e foi feita uma promessa de que, se a epidemia cessasse, seria construída a igreja em homenagem a São Sebastião. Com a o fim do contágio, foi cumprida a promessa e a população local, em mutirão, construiu a igreja, junto com José Magalhães. É construída também, no ano de 1956, a BR-316, estrada que liga Maceió à Palmeira dos Índios, permitindo, em seguida, a construção das rodovias AL-220, AL-110 e AL-115, cortando Arapiraca e tornando-se caminhos de acesso e de escoamento da produção.


No mesmo ano da construção da estrada BR-316, ocorre a fundação da Escola de Comércio, de formação técnica. No campo do ensino superior, foi criada, em 1971, a Fundação Educacional do Agreste, que manteve a Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca. Somente em 1990, a Fundação foi estadualizada, passando a integrar a Fundação Universidade Estadual de Alagoas, em 1996.


A década de 60 traz os sintomas negativos da cultura do tabaco: a escassez de vegetação interfere no clima, afetando o equilíbrio ecológico e diminuindo as precipitações; ainda assim, o progresso urbano continua e a cidade amplia os seus limites; o açude do DENOCS é construído, como forma de solucionar o problema de abastecimento de água nos bairros Cacimbas e Baixão. 


Em 60 e 70, devido ao enriquecimento proporcionado pela cultura do fumo, grande número de famílias ergueu casas (estilo moderno) pela cidade, modificando o panorama arquitetônico. A partir de 1970, o município apresentou inovações: atividades econômicas alternativas como a pecuária, o loteamento de imóveis, a fabricação de cerâmica, entre outros; houve mudanças na contratação de empregados, os quais passaram a ser chamados por produção, não mais por arrendamento de terras; houve, por outro lado, uma queda na cultura fumageira; instalou-se o primeiro Conjunto Habitacional (COHAB velha) no bairro Jardim Esperança, e desenvolveram-se cortiços, vilas e favelas.


“O processo de urbanização de Arapiraca aconteceu de forma gradual e consistente, o êxodo rural teve uma grande participação nesse contexto. Com uma ótima centralização no Estado de Alagoas, Arapiraca recebeu e recebe pessoas advindas do Agreste, Sertão Alagoano e dos Estados circunvizinhos. Com isso a urbanização se apresenta de forma não planejada, (...). Este quadro evolutivo do número de habitantes superou dados do nordeste e a do Brasil. Tendo uma concentração populacional na zona urbana 7,2 vezes maior do que na década de 60.” (COSTA e SILVA,2007, p.12)[p.3]


A passagem dos anos 70 aos anos 80 foi marcada por uma transição em que a cidade parecia hesitante em buscar um modelo político de apadrinhamento e controle das finanças públicas. Os anos 80 e 90 caracterizam-se, em especial, pelo crescimento intensivo da circulação de automotores (com destaque para as motos), criando um trânsito desordenado em vias aquém das necessidades. O comércio começava a ser uma opção lucrativa e o fumo (em fins de 90) já não representava uma fonte de renda confiável, fato que culminou num maior desenvolvimento do comércio e decadência da cultura fumageira na cidade, que hoje, traz o desenvolvimento como discurso prioritário.

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