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Vidas Severinas: a Identidade e o Território Nordestinos em Exposição

O projeto em questão trouxe à comunidade de Arapiraca a discussão acerca de sua identidade urbano|rural em relação à construção identitária nordestina constituída pelos discursos presentes em Vidas Secas, de Graciliano Ramos e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Estes apresentam o território nordestino como lugar da migração campo|cidade, construindo o espaço urbano tanto como sonho de felicidade quanto como lugar da ilusão. Quando tratamos de cidades do agreste esta relação se complexifica, uma vez que as cidades centralizadoras do mesmo ao mesmo tempo recebem os afluxos migratórios do campo e enviam levas de migrantes para o litoral. Foi a partir deste campo problemático que o projeto desenvolveu um trabalho de criação artística contemporânea, na forma de uma exposição interativa produzida em espaço público da cidade de Arapiraca, trazendo à reflexão questões identitárias urbanas no contexto de uma “nordestinidade” rural migrante. O projeto pressupôs uma percerpção de arte contemporânea como campo de integração de diversos suportes artísticos, o que invabiliza sua classificação dentro de categorias mais fixadas de pintura, escultura ou audiovisual. Parte das questões centrais deste projeto, a relação dos discursos que compõem nordestes rurais e urbanos foi problematizada, tentando ao desurbanizar a cidade que aparece nos discursos nordeste, mostrar que em meio a esses mesmos discursos a cidade enunciada é sempre trama de urbano e rural, de tradição e modernidade. Chega-se à cidade a partir do sertão, no migrante, que parte não só para São Paulo, mas também para Fortaleza, Recife, e qualquer indicação de urbanidade que se apresente como espaço de sobrevivência. Da cidade, retorna-se ao sertão por apropriações diversas dos discursos sertanejos por elites políticas e artísticas. Ao propor o foco da proposta poética da exposição na interpretação de Vidas Secas e Morte e Vida Severina, o projeto quis trazer à baila uma cena urbana nordestina: a do migrante que na cidade chega. Como nos pinta Graciliano:


“Andavam para o Sul metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. (...) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá”.


Como metodologia de criação artística o projeto constituiu-se através da interpretação das obras tomadas como fonte, para a criação do partido estético da exposição, que funcionou como critério norteador das instalações que foram desenvolvidas pelos discentes, em atividade da disciplina de Teoria e Estética da Arquitetura.

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